quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vaidades: sobre a busca por ser "excepcional" Por Josse Vieira


E de repente decidi falar de vaidades...
Da necessidade da imagem, da farsa, da fúria...
Gostaria de ao menos hoje decifrar o que há por trás de tantos olhares tortos, de tanta rejeição ainda que “discreta”...
As pessoas armam palcos para dissimular mesquinharias que não as conduzem a nada, a não ser ao próprio desmoronamento...
Por vezes, inevitavelmente, a vaidade está regada de inveja.
Vaidade: excesso de confiança ou respingo de inveja?
Muito do que propagandeamos de nós mesmos é uma grande confluência do que gostaríamos de ser e que encontramos no outro e é assim que “fundamos” um conceito (i)mutável nosso...
Todavia o que torna a vaidade tão perturbadora para mim é o caminho “descarado” ao qual ela conduz o ser humano...
É quando a pessoa já não consegue disfarçar o buraco sinistro de seu pedestal...
Quando escorrega facilmente no veneno da eternidade ilusória de seu lugar mágico no mundo e de sua pretensa superioridade frente aos demais homens...
O que sei é que por vaidade as pessoas se tornam menos “reais” e mais imbecis.
Por pura vaidade tentam desmedidamente esconder o que são e exatamente por isso lhes escapa quase tudo e novos castelos de farsa, de areia, de sei lá o que se constroem em alicerces frágeis...
Lembre-se: se o que você constrói é feito de poeira, logo tudo se dissolverá.
Você não é o centro do universo, ninguém o é...
O centro é algo que não alcançamos... Uma abstração que poucos sabem reconhecer e muitos fingem entender...
Você é um pó estranho, uma matéria orgânica fadada à desintegração...
E se você acha que pode ser mais do que tudo que julga imperfeito é porque de fato não costuma olhar-se no espelho...
Já experimentou ver além da sua maquiagem ou cabelo?
Já viajou para dentro de você através da profundidade do seu próprio olhar?
Talvez não. Você não tem tempo para pensar que é igual e que tem “semelhantes”. Você que ignora e é intolerante com as diferenças, tenta a todo instante assumir-se não como diferente, mas como excepcional!
Acho que é esta a característica fundamental do vaidoso: ele acha que é “excepcional” – um caso a parte no contexto da humanidade, uma raridade...
Um ser raro que se rasura a cada segundo, milésimo, centésimo...
Um ser que de tão hipócrita e vazio chega a dar náuseas em quem se coloca diante de um ínterim de conversa com ele...
Ah, nem todos tem a grandeza de reconhecer a sua própria pequenez!
Então, que a vaidade não espalhe o seu veneno por toda a terra... Continuo acreditando as pessoas podem ser melhores sem necessariamente imaginarem-se superiores uns aos outros.

Um comentário:

  1. Amore vc foi super feliz em seu texto sobre a vaidade. Nós nos portamos mui vzs como melhores e superiores mão não passamos de um pqno nada em meio ao universo. Enfim, tua sabedoria é uma dose de bom vinho em minha vida. bjkas

    ResponderExcluir